FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HOSPEDAGEM E ALIMENTAÇÃO

Seminário aborda Impactos da Economia Colaborativa

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Terceiro encontro da série Turismo, Cenários em Debate, promovido pela CNC, mostrou como os setores de alimentação, transporte e de agências de viagem têm se adaptado ao universo digital

O Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) realizou na última segunda-feira (7) o seminário Impactos da Economia Colaborativa, na sede da entidade, no Centro do Rio de Janeiro. O encontro foi aberto ao público e procurou mostrar como as inovações podem fomentar os serviços já existentes nas áreas de alimentação, transportes e de agências de viagem, sem gerar concorrência desleal.

O evento contou com painéis e nomes de peso. O presidente da FBHA e também do Cetur/CNC, Alexandre Sampaio, fez a abertura do evento destacando que esse é o terceiro seminário que o Conselho realiza este ano para debater temas cruciais para o crescimento e a sustentabilidade do setor, como os impactos da economia colaborativa e o turismo esportivo. “É essencial entendermos como as inovações podem se aliar às estruturas já existentes e contribuir para o crescimento econômico”, afirmou Sampaio. 

Logo na abertura, Dora Kaufman, pesquisadora do Centro de Pesquisa em Redes Digitais Atopos ECA/USP, introduziu o tema dos novos cenários com a tecnologia digital e impactos no turismo, pontuando que a colaboração faz parte da convivência em sociedade, sempre existiu e não só entre pessoas, mas entre os seres vivos. Segundo ela, diversos pesquisadores demonstram que a colaboração é uma tendência dos indivíduos, inclusive nas empresas em que a cultura interna estimula a cooperação. “Até mesmo na cadeia produtiva, a parceria entre os setores produtivos também se acentuou. Então o que é novo? As novas tecnologias permitem que a colaboração não dependa da proximidade física, apenas dos interesses comuns, e ocorra a distância. Isso é o novo”, afirma Dora.

Segundo a pesquisadora, as transformações na sociedade acontecem não apenas por um fator, mas por um conjunto de fatores que convergem para uma mudança. Ela aponta a crise do capitalismo, mudanças culturais e tecnologias digitais como responsáveis pela proliferação de novos modelos de negócio e novas oportunidades para indivíduos, instituições e empresas. “Os economistas estão chamando de economia híbrida a convivência entre a indústria tradicional – ainda predominante na geração de riqueza na economia – e a economia colaborativa ou compartilhada, que é considerada quando, de alguma forma, no modelo de negócio há colaboração”, destaca Dora Kaufman. 

Para ela, aplicativos como o Airbnb e o Uber não podem ser considerados exemplos de economia compartilhada ou colaborativa. “O Airbnb e o Uber, assim como a Amazon, são modelos de negócio. Não tem diferença, do ponto de vista da natureza dos negócios, eu alugar meu apartamento por três dias, por setenta dias ou um ano. Existem corretores que administram vários imóveis que são alugados pelo Airbnb. O dono não disponibiliza sua casa em troca de outro imóvel, não é a mesma coisa que eu disponibilizar carona no meu carro e dividir custos”, destaca.

“Hoje, o Airbnb é a segunda maior empresa de hospedagem do mundo, não é uma startup, é uma potência. E isso impacta diretamente a hotelaria, que pressiona por uma regulamentação, e altera até mesmo a configuração dos bairros. Por exemplo, em Berlim gerou a gentrificação de áreas, e esse é um dos milhões de impactos não diretos desses novos negócios”, concluiu Kaufman. 

O primeiro painel debateu as tendências para a alimentação fora do lar e contou com a presença dos presidentes da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/RJ), Roberto Maciel, e do Sindicato de Bares e Restaurantes (SindRio), Pedro De Lamare. Roberto Maciel destacou a importância crescente de ter colaboradores capacitados, pois o atendimento continua fazendo a diferença, e a sustentabilidade das empresas vai depender da capacidade de adaptação e da criatividade diante dos novos modelos de negócio. “A tecnologia está mudando a forma de se fazer negócios. A experiência tecnológica fará parte do atendimento no futuro. Mas, independentemente da tecnologia, sempre será essencial a pessoa com educação e criatividade”, lembrou.

Para o presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio) e sócio da rede de restaurantes Gula Gula, Pedro De Lamare, a tecnologia agrega ao setor e ajuda a desenvolver novos serviços por meio dos aplicativos e das plataformas, aumentando a demanda e reduzindo os custos na gestão de negócios do ramo de restaurantes e gastronomia. “O iFood (serviço de delivery via aplicativo de smartphone) alavanca em até 40% a venda de um restaurante, sem aumentar a nossa mão de obra, que é um custo muito alto. Nosso setor, na faixa entre 18 e 24 anos, emprega mais que o dobro de outras atividades econômicas”, afirmou De Lamare.

Aplicativos de fidelidade, em que o cliente entra na loja, faz seu login e resgata pontos e descontos, ou outros, em que é possível fazer o pedido a distância e, quando chega ao restaurante ou praça de alimentação, a refeição já está pronta, são exemplos de como a tecnologia pode racionalizar os serviços. “Quando falamos em termos de inovação, falamos em racionalizar. Estamos cada vez mais tentando enxergar como fazer isso”, disse o presidente do SindRio.

Dois outros painéis trataram sobre as tendências para o transporte e para as agências de viagem, com participação de Edmar Bull, da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Paulo Resende da Amadeus e Jorge Pontual, da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla); e as políticas públicas que podem ser formuladas para fomentar a inovação, com participação do colunista do jornal O Globo, Pedro Dória; de Manuela Yamada, da OuiShare; e do deputado federal Otavio Leite (PSDB-RJ).

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